Rosa Maria Mano
Rosa
Maria Mano vai publicar Lábios –Mariposa com a Editora
Singularidade. Rosa é uma poeta exímia, madura em sua escrita e uma expoente da
poesia feita por mulheres no Brasil. Seus poemas são de intensas feminilidade e
sensualidade, marcados por um signo religioso, aberto, devoto, de amor e desejo
rasgados e para além da forma e da realidade. Neles Rosa está livre, dona de si
e do sonho, de uma realidade interior que transcende palavras e conceitos,
inata, vinda de um céu, imutável, de felicidade e consciência.
Conheça um pouco da sua história:
Nascida em São Paulo, onde viveu até os
quarenta e um anos, com breve intervalo de cinco anos de residência na cidade
do Rio de Janeiro, reside hoje à beira-mar, na cidade de Rio das Ostras, Rio de
Janeiro. No depoimento da poeta: “Não sei precisar quando comecei a escrever,
creio que aos dez. Inspirada pelo poeta Castro Alves, presa ao laço do primeiro
poema que li – O Laço de Fita – comecei com frases, trovas tímidas, sem
graça... mas descobri que era poeta. Nasci da poesia. Afinal, descrevia o mundo
de cabeça pra baixo, a partir do balanço de madeira e corda, preso à árvore do
quintal. Sentia o mundo se invertendo, refazendo todos os sentidos,
distribuindo ressignificações que só entendia quem era poeta. Poesia... herança
do vô, Basílio, que escrevia trovas para a vó, Rosa, em pétalas de rosas. “
Atividades como escritora:
A primeira publicação, em São Paulo, uma
coletânea de poemas sob o título Fruto Mulher, do qual participaram
Mara Magaña, Maria Elizabeth Cândio, Maitê do Prado, entre outras.
Em 1983, Xamã, primeiro livro de poesias,
individual. Com capa de ElifasAndreato e prefácio de Antonio Houaiss.
Participação na coleção Passe Livre, da Cia.
Ed. Nacional, com o título Três Marias e um Cometa. Desta
coleção participaram nomes como Pedro Bloch, Helena Silveira, Josué Guimarães,
Fausto Wolff, Moacir Scliar, entre outros.
O Gato,
Conto , 1998, D.O. Leitura, São Paulo
Coletânea Prêmio SESC de Poesia, 2000, Editado pelo SESC,
Rio de Janeiro
Vento na Saia,
poesia, 2015, eBookAmazon/Kindle
Manuscritos de Areia,
2017, pela Coleção Marianas, Ed. Marianas Edições/Bolsa Livro, Curitiba
Participações
Premiada no Concurso de Poesia do SESC, Rio de Janeiro, 1999, tendo A Lua
Negra em primeiro lugar na fase municipal (Teresópolis) e segundo na
premiação final, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda, segundo lugar em
Teresópolis com Re(s)cendência, no mesmo concurso.
Vencedora do I Concurso de Escrita Criativa,
nas três categorias, Editora LiberUm, 2016.
Abaixo 2 poemas de Lábios –Mariposa:
LÁBIO-MARIPOSA
Num fogo-coração, fogo de turfa,
Num fogo-coração, fogo de turfa,
na pedra que ardeu, cozendo raízes.
Na aventura do voo último, quando não há mais tempo.
Onde mora a criança que cresceu, subindo escarpado caminho,
e onde a fome desce e permeia o arvoredo, a praia, polui a nascente.
Nas praças, entre mal cuidados canteiros e balanços desmemoriados.
Junto aos pássaros envelhecidos, de asas sóbrias,
Onde a terra é cinza, a cinza é negra,
e onde viver é sangrar pelos ouvidos.
Nas ranhuras de escarchas, prismas partidos,
Ai, deixo a poesia que amava como uma criança
e recupero a nascente da dor,
Sua pata, seu casco, o dorso que cavalga a palavra
raivosa e quieta no instante cego,
silenciosa e murada, costurada boca, oco insuportável.
Rosa mordendo o lábio-mariposa.
Na aventura do voo último, quando não há mais tempo.
Onde mora a criança que cresceu, subindo escarpado caminho,
e onde a fome desce e permeia o arvoredo, a praia, polui a nascente.
Nas praças, entre mal cuidados canteiros e balanços desmemoriados.
Junto aos pássaros envelhecidos, de asas sóbrias,
Onde a terra é cinza, a cinza é negra,
e onde viver é sangrar pelos ouvidos.
Nas ranhuras de escarchas, prismas partidos,
Ai, deixo a poesia que amava como uma criança
e recupero a nascente da dor,
Sua pata, seu casco, o dorso que cavalga a palavra
raivosa e quieta no instante cego,
silenciosa e murada, costurada boca, oco insuportável.
Rosa mordendo o lábio-mariposa.
SILÊNCIO
Em desalinho, vela que se perdeu do barco.
Último fôlego do silêncio antes do que não é noite,
não é dia. Fica, entre o Tempo e a ferida.
Breve, a lua deitará seu sono sobre meu chapéu,
descolorindo horizontes e telhados.
Do parapeito dos olhos, observo o arco
desajuizado do oceano como só eu vejo.
É meu. E me define fluída e pasmada,
envergada e distraída do som da esfera.
Não ouço. Retalho as mãos em cacos dormidos de aurora.
Em desalinho, vela que se perdeu do barco.
Último fôlego do silêncio antes do que não é noite,
não é dia. Fica, entre o Tempo e a ferida.
Breve, a lua deitará seu sono sobre meu chapéu,
descolorindo horizontes e telhados.
Do parapeito dos olhos, observo o arco
desajuizado do oceano como só eu vejo.
É meu. E me define fluída e pasmada,
envergada e distraída do som da esfera.
Não ouço. Retalho as mãos em cacos dormidos de aurora.
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Ilustração capa; fotografia de Claire Jean |
Toda a alegria é minha de ter Jandira Zanchi e a Singularidade como editoras. Um enorme abraço e meu agradecimento pelo carinho com que fui recebida.
ResponderExcluirRosa, eu curto muito a tua poesia... te editar é um céu!
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